Hoje estudo Propaganda, o que vou fazer no futuro?

Ainda outro dia recebi um e-mail de uma estudante de Comunicação do Nordeste, com algumas perguntas de deixar preocupado até o mais otimista dos otimistas. Vejamos:

Diante dos fatos e denúncias contra a Propaganda que não param, porque, inclusive, já caíram na boca do povo, nós, que pretendemos trabalhar nesse segmento, vivemos preocupados com o que pode acontecer no futuro e por isso encaminho algumas perguntas:

1 – Qualquer digitador pode ser diretor de arte?

2 – Ainda é possível cobrar pelo trabalho de criação? Porque, se for como dizem por aí, não se cobra mais nada por este item, que acredito, seja o mais caro e importante na vida de uma agência.

Resumindo todas as possíveis perguntas que ainda faria, acredito que esta deve liquidar o assunto e, assim, não tomaria tanto o seu tempo:

3 – Será que vale a pena continuar investindo numa faculdade cara para ser publicitária em um mercado sem perspectivas?

Este e-mail é confidencial, pois não quero que a direção da escola que frequento saiba destes meus receios e resolva entender que estou espalhando o pessimismo entre os outros estudantes.

Respondendo a você, minha cara menina, eu diria que falar sobre o futuro não é tarefa para um velhinho como eu, até porque, com 72 anos, já estou vivendo meu futuro, mas ainda assim, ouso fazer algumas considerações para, quem sabe, tentar amenizar suas preocupações. Começo contradizendo um ditado popular que diz O futuro a Deus pertence. Não pertence não, pois acreditar nisso é negar que Deus, na sua infinita sapiência e bondade, nos dotou do livre arbítrio – uma faculdade com a qual construímos tudo em nossa vida, principalmente o futuro. Reflita sobre isso e vai passar a acreditar mais na sua capacidade de realizar e de mudar as coisas de agora em diante.

Quanto às suas perguntas:

1 – o digitador: qualquer simples digitador de hoje pode ser um grande diretor de arte amanhã, desde que tenha talento, bom gosto, cultura, vontade de crescer, determinação e queira ser um profissional em tempo integral.

2 -Cobrar por criação: se você fizer um trabalho de qualidade, pode cobrar sim, porque o seu trabalho tem um enorme valor que é agregado automaticamente ao produto ou serviço anunciado. Quando um trabalho tem, de fato, valor reconhecido, cliente nenhum do mundo terá coragem de pedir para você fazer de graça.

3 – Continuar estudando: Vale a pena você continuar investindo no estudo da Propaganda porque nenhuma profissão, nenhum negócio é mais importante do que aquele que você escolheu para sua vida e os problemas que enfrentamos hoje serão superados facilmente pelos profissionais que vêm aí, a partir de sua geração. Eu aposto nisso. Aposte você também.

Humberto Mendes

Vice-Presidente Executivo da Federação Nacional das Agências de Propaganda (FENAPRO)

Publicado no Correio Braziliense: 28/10/2007

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