O publicitário e o estudante

Vivo fazendo palestras, ou melhor, conversando (pois não ouso me outorgar aura tão nobre como a de palestrante) com estudantes de todo o Brasil sobre o mercado de trabalho que vão encontrar na Propaganda. Esta nossa atividade, a qual, se não nos cercarmos de cuidados, vai acabar sofrendo um verdadeiro desmanche, por culpa única e exclusiva de um bando de bucaneiros como os que provocaram toda uma situação desagradável, que temos enfrentado desde meados de junho de 2005 até hoje. O que tenho sentido no contato com esses futuros publicitários é que, além de execrarem aqueles acontecimentos, têm uma grande preocupação com a possibilidade de que fatos semelhantes aos denunciados nas CPIs do Congresso venham a se repetir no futuro.

Tento mostrar a eles que o simples fato de alguns piratas se infiltrarem na tripulação de um navio não significa que todos os marinheiros sejam piratas. Entendo que a melhor forma de esclarecer e despreocupar os nossos jovens é passar a eles conceitos e conselhos para que procurem, desde já, começar a se preparar para adotar o profissionalismo em tempo integral. Ter consciência de que é preciso ser profissional fultimemente – o termo aqui é meu.

Ainda recentemente, fazendo esse discurso no Recife para uma plateia de mais de 250 estudantes, vi com muita alegria que, se depender daquela meninada, vamos ter profissionais sérios amanhã, preocupados com a ética e respeito ao ofício. Um exemplo claro dessa minha certeza encontrei nas dezenas de perguntas inteligentes que colocaram. O que é tremendamente animador é que, ainda hoje, passados quase 90 dias daquele encontro, continuo recebendo e-mails, nos quais estão presentes o interesse e a preocupação com o tema discutido.

Respondo a todos eles com muita satisfação e com a mais absoluta confiança de que nem tudo está perdido. Por isso, permito-me sugerir ao amigo leitor, seja ele publicitário ou não, que nunca recuse convite dos estudantes para lhes falar sobre o futuro, pois sabemos que está nas mãos desses jovens tocar os negócios e o país a partir deste terceiro milênio, no qual estamos apenas entrando.

Humberto Mendes

VP Executivo FENAPRO

Federação Nacional das Agências de Propaganda

Publicado no Jornal Correio Braziliense em: 26/08/2007

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